Todas as cidades as tem em seus mais diversos bairros, e elas, tal qual raízes de amargura e rastros de angústia, se vão multiplicando com o passar dos anos e das gerações. São restos de morbidez, fragmentos amontoados de infelizes instantes, espaços abandonados pelos resquícios de alegria. As insistentes recordações soturnas parecem flutuar em cada palmo de seu chão pisado por saudades. Nelas, até os gatos afogueados e os vira-latas deslumbrados se deprimem e passam correndo com medo do espectro da solidão quase vislumbrado na atmosfera lúgubre. Porque ali respira-se supremo abandono e inusitada velhice evanescente.
Como sorrisos apagados pelas tristezas constantes, as ruas melancólicas nascem denotando flores e, tempos depois, de inexplicável maneira, morrem exalando ervas daninhas. E tudo que nessas ruas outrora fora risos despencou para lágrimas cansadas, olhares esmaecidos, rostos desfigurados pela dor do nada, da insignificância explícita. Os olhos de quem por lá mora, abatidos, escondem tormentos indizíveis, quiçá assombros desconhecidos e misteriosos e sombras amortecidas quando fluem os ocasos desfigurados. Seus dias são de extrema solidão, da qual até a brisa se esconde espavorida deixando a sequidão de um sol em brasa também entregue ao ostracismo; já as noites escurecem desiludidas, transformadas em chagas num corpo doente pelo esquecimento da própria vida.
Há meros sinais de pobres silhuetas desamparadas nas calçadas nuas das ruas melancólicas, vêem-se muros borrados aqui e ali, paredes descascadas se destacam amofinadas em muitas casas insossas, cidadãos riscados do cotidiano lembram estátuas indiferentes aos pombos fazendo sujeiras sobre suas cabeças envelhecidas, tudo é quase um oceano de impropriedades repentinas. A impressão que se tem quando por lá somos obrigados a passar levados pela imprevidência é de um inesperado caos perfeito delineado por incontáveis destemperanças flutuando e surpreendendo. O anseio, por conseguinte, é dali desaparecer o mais rápido possível, desatar as amarras invisíveis a prender-nos e oprimir-nos, voar se condições para tanto houvesse. Permanecer nesse cenário impróprio, ainda que por uns míseros segundos, não é idéia das mais agradáveis.
Quisera não houvesse tais desenganos nas cidades que se deixam abater pelas incongruências de seus habitantes e terminam fenecendo em áreas indefinidas, tornando-se melancólicas ao longo do tempo. Por que elas são forçadas a desaparecer ante o desprezo de seus próprios habitantes ou a indiferença das autoridades responsáveis pela dignidade das cidades? As ruas melancólicas evidenciam-se como grandes feridas logo anacrônicas que jamais saram. Quem nessas artérias vive vai gradualmente morrendo parecendo nunca ter vivido.
Como sorrisos apagados pelas tristezas constantes, as ruas melancólicas nascem denotando flores e, tempos depois, de inexplicável maneira, morrem exalando ervas daninhas. E tudo que nessas ruas outrora fora risos despencou para lágrimas cansadas, olhares esmaecidos, rostos desfigurados pela dor do nada, da insignificância explícita. Os olhos de quem por lá mora, abatidos, escondem tormentos indizíveis, quiçá assombros desconhecidos e misteriosos e sombras amortecidas quando fluem os ocasos desfigurados. Seus dias são de extrema solidão, da qual até a brisa se esconde espavorida deixando a sequidão de um sol em brasa também entregue ao ostracismo; já as noites escurecem desiludidas, transformadas em chagas num corpo doente pelo esquecimento da própria vida.
Há meros sinais de pobres silhuetas desamparadas nas calçadas nuas das ruas melancólicas, vêem-se muros borrados aqui e ali, paredes descascadas se destacam amofinadas em muitas casas insossas, cidadãos riscados do cotidiano lembram estátuas indiferentes aos pombos fazendo sujeiras sobre suas cabeças envelhecidas, tudo é quase um oceano de impropriedades repentinas. A impressão que se tem quando por lá somos obrigados a passar levados pela imprevidência é de um inesperado caos perfeito delineado por incontáveis destemperanças flutuando e surpreendendo. O anseio, por conseguinte, é dali desaparecer o mais rápido possível, desatar as amarras invisíveis a prender-nos e oprimir-nos, voar se condições para tanto houvesse. Permanecer nesse cenário impróprio, ainda que por uns míseros segundos, não é idéia das mais agradáveis.
Quisera não houvesse tais desenganos nas cidades que se deixam abater pelas incongruências de seus habitantes e terminam fenecendo em áreas indefinidas, tornando-se melancólicas ao longo do tempo. Por que elas são forçadas a desaparecer ante o desprezo de seus próprios habitantes ou a indiferença das autoridades responsáveis pela dignidade das cidades? As ruas melancólicas evidenciam-se como grandes feridas logo anacrônicas que jamais saram. Quem nessas artérias vive vai gradualmente morrendo parecendo nunca ter vivido.