Diante de uma terrível tempestade que assola os meios artísticos na atual situação de Sorocaba, com todas suas chuvas de mágoas, ventos de desgosto e trovoadas de ódio, e perante de tais elementos se nos perguntassem quais sentimentos nos dominam neste instante em que acompanhamos estarrecidos esta borrasca, principiado por tal SATED, nós diríamos que são da vergonha e da revolta, e por que não medo, já que toda tempestade trás piores prejuízos. Portanto eu, Santiago Ribeiro, venho por meio desta carta e representando toda a classe dos artistas plásticos de Sorocaba, notificar nosso repúdio e indignação contra esta verdadeira prostituição da arte que infelizmente vem contaminando com a ditadura da censura todos os meios artísticos locais.
Um dia eu aprendi que de uma forma geral, a palavra "liberdade" significa a condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos. O desejo de liberdade é um sentimento profundamente arraigado no ser humano. Situações como: a escolha da profissão, o casamento e ter o compromisso político ou religioso, fazem o homem enfrentar a si mesmo e exigem dele uma decisão responsável quanto a seu próprio futuro. A capacidade de raciocinar e de valorizar de forma inteligente o mundo que o rodeia, é o que confere ao homem o sentido da liberdade entendida como plena expressão da vontade humana. Do ponto de vista legal, o indivíduo é livre quando a sociedade não lhe impõe nenhum limite injusto, desnecessário ou absurdo. Uma sociedade livre dá condições para que seus membros desfrutem, igualmente, da mesma. O Teatro, assim como toda arte pictórica, musical e rítmica, é a essência vital do oficio da paixão pela liberdade de expressar-se. É o Teatro uma forma de arte cuja especificidade a torna insubstituível como registro, difusão e reflexão do imaginário de um povo. Sua condição atual reflete uma situação social e política grave. No entanto, neste momento de turbulência é inaceitável a mercantilização imposta à Cultura Sorocabana, na qual predomina uma política de eventos muitas vezes questionáveis. Nosso compromisso ético é com a função social da arte. A produção, circulação e fruição dos bens culturais é um direito constitucional, que não tem sido respeitado e agem-se com coações.
Uma visão mercadológica transforma a obra de arte em produto "cultural". E cria uma série de ilusões que mascaram a realidade da produção cultural regional. A atual política oficial, que rege as manifestações e os profissionais do Teatro, transfere a responsabilidade do fomento à produção cultural para a iniciativa privada, mascara a omissão que transforma os órgãos públicos em meros intermediários de negócios, e assim vão usurpando valores financeiros à queima-roupa, sob a coivara de ameaças, impondo suas garras sujas ao direito do artista em exercer sua profissão legal. Notamos que a aparente quantidade de eventos faz supor uma efervescência, mas, na verdade, disfarça a miséria dos investimentos culturais de curto e longo prazo que visem à qualidade da produção artística. Hoje, a política oficial deixou a Cultura restrita ao mero comércio das famosas DRTs e entretenimentos de “metsos”.
E são com o mesmo repúdio que domina os grupos teatrais de Sorocaba que notificamos, nós artistas plásticos da mesma atmosfera, esta carta que lamenta e manifesta nossa revolta contra o cancelamento da VI FLITS pelo qual acarreta o perjúrio, não apenas ao artistas diretamentes envolvidos no festival, mas também pela boa gama de artistas plásticos, músicos, dançarinos, escritores e dramaturgos. É com profundo asco que gritamos: Vergonha! Uma vergonha que um profissional ou amador seja punido por prezar pela sua liberdade de expressão e prime pelo dever cumprido. É uma vergonha que as pessoas sérias sejam afastadas e censuradas. É uma vergonha e uma revolta imaginar um dia que nós dormiremos ao som de aplausos, mas que acordamos no dia seguinte sob o estigma de criminosos e formadores de quadrilha. É uma vergonha que o capitalismo selvagem continue arrebatando nossos artistas e expurgando-lhes a democracia de fato. Vergonha! SATED! Democracia! “Liberdade ao Artista”! Parecem palavras antagônicas que não se combinam na sua essência. Como formar um artista de fato, profissional e magnânimo, digno e reconhecido como se merece? Como dar a oportunidade ao amador se projetar?
Ora, legalizar qualquer profissão, meus caros amigos, é um direito previsto desde a Constituição da Soberana Carta Magna, mas proibir que artistas amadores ou supostamente “ilegais” pisem no palco com condição de sermos fora-da-lei foi um horrendo direito durante o episódio, num tempo quem o Brasil perseguia seus artistas com ferro e ferro, sangue e humilhação, degredo e morte. A isso se dava o nome de DITADURA. Millôr Fernandes perguntava no século passado: “Que país é este?”. Eu pergunto: que geração é esta? Onde estão os respeitos a liberdade de expressão? Ou melhor: que valores são estes? Vivemos, enfim, numa ditadura disfarçada de democracia? Deixo esta pergunta para quantas sateds nos possa responder.
O Teatro não pode ser tratado sob a ótica economicista. A Cultura é o elemento de união de um povo que pode fornecer-lhe dignidade e o próprio sentido de nação. É tão fundamental quanto a Saúde, o Transporte e a Educação. É, portanto, prioridade do Estado. Mas no momento em que um artista descobre o que as pessoas querem e procura atender a demanda, ele deixa de ser um artista e torna-se um artesão maçante ou divertido, um negociante honesto ou desonesto. Perde o direito de ser considerado artista.
Santiago Ribeiro
Presidente da Confraria dos Artistas Plásticos de Sorocaba
“Todos os artistas, os verdadeiros artistas, abominam a sujeição e adoram a independência” – Vicent Van Gogh
Uma visão mercadológica transforma a obra de arte em produto "cultural". E cria uma série de ilusões que mascaram a realidade da produção cultural regional. A atual política oficial, que rege as manifestações e os profissionais do Teatro, transfere a responsabilidade do fomento à produção cultural para a iniciativa privada, mascara a omissão que transforma os órgãos públicos em meros intermediários de negócios, e assim vão usurpando valores financeiros à queima-roupa, sob a coivara de ameaças, impondo suas garras sujas ao direito do artista em exercer sua profissão legal. Notamos que a aparente quantidade de eventos faz supor uma efervescência, mas, na verdade, disfarça a miséria dos investimentos culturais de curto e longo prazo que visem à qualidade da produção artística. Hoje, a política oficial deixou a Cultura restrita ao mero comércio das famosas DRTs e entretenimentos de “metsos”.
E são com o mesmo repúdio que domina os grupos teatrais de Sorocaba que notificamos, nós artistas plásticos da mesma atmosfera, esta carta que lamenta e manifesta nossa revolta contra o cancelamento da VI FLITS pelo qual acarreta o perjúrio, não apenas ao artistas diretamentes envolvidos no festival, mas também pela boa gama de artistas plásticos, músicos, dançarinos, escritores e dramaturgos. É com profundo asco que gritamos: Vergonha! Uma vergonha que um profissional ou amador seja punido por prezar pela sua liberdade de expressão e prime pelo dever cumprido. É uma vergonha que as pessoas sérias sejam afastadas e censuradas. É uma vergonha e uma revolta imaginar um dia que nós dormiremos ao som de aplausos, mas que acordamos no dia seguinte sob o estigma de criminosos e formadores de quadrilha. É uma vergonha que o capitalismo selvagem continue arrebatando nossos artistas e expurgando-lhes a democracia de fato. Vergonha! SATED! Democracia! “Liberdade ao Artista”! Parecem palavras antagônicas que não se combinam na sua essência. Como formar um artista de fato, profissional e magnânimo, digno e reconhecido como se merece? Como dar a oportunidade ao amador se projetar?
Ora, legalizar qualquer profissão, meus caros amigos, é um direito previsto desde a Constituição da Soberana Carta Magna, mas proibir que artistas amadores ou supostamente “ilegais” pisem no palco com condição de sermos fora-da-lei foi um horrendo direito durante o episódio, num tempo quem o Brasil perseguia seus artistas com ferro e ferro, sangue e humilhação, degredo e morte. A isso se dava o nome de DITADURA. Millôr Fernandes perguntava no século passado: “Que país é este?”. Eu pergunto: que geração é esta? Onde estão os respeitos a liberdade de expressão? Ou melhor: que valores são estes? Vivemos, enfim, numa ditadura disfarçada de democracia? Deixo esta pergunta para quantas sateds nos possa responder.
O Teatro não pode ser tratado sob a ótica economicista. A Cultura é o elemento de união de um povo que pode fornecer-lhe dignidade e o próprio sentido de nação. É tão fundamental quanto a Saúde, o Transporte e a Educação. É, portanto, prioridade do Estado. Mas no momento em que um artista descobre o que as pessoas querem e procura atender a demanda, ele deixa de ser um artista e torna-se um artesão maçante ou divertido, um negociante honesto ou desonesto. Perde o direito de ser considerado artista.
Santiago Ribeiro
Presidente da Confraria dos Artistas Plásticos de Sorocaba
“Todos os artistas, os verdadeiros artistas, abominam a sujeição e adoram a independência” – Vicent Van Gogh