sábado, 1 de fevereiro de 2014

Quando o Homem Personifica a Arte



Elevada contemplação espiritual por parte das criaturas, a arte é a exteriorização do ideal, uma divida manifestação do que há de mais belo na alma humana, polarização mais importante da vida. De todas as riquezas da civilização, a maior realização artística, seja ela primitiva, incipiente, ou nos mais elevados estágios da perfeição, produto de maturidade individual ou coletiva. O artista verdadeiro é sempre o intermediário das belezas eternas. O seu trabalho, em todos os tempos, foi o portador das harmonias mais vibráteis do sentimento, alçando-as ao infinito, abrindo caminhos para a sabedoria, para a paz e para o amor. Missionário da busca estética, do belo, do harmonioso, o artista é o traço de ligação entre o cognitivo e o racional para o sentimento e a emoção, engrandecendo a trajetória do homem na terra.

O homem não teria chegado ao estágio evolutivo em que se encontra não fosse o anseio de busca da perfeição artística, não fossem as tentativas de materializar o sentimento através da arte. Mesmo quando procura realizar o pragmático, o utilitário, não se pode deixar de lado o elemento estético, o agrado ao ideal de beleza de cada um, seja para o autor, seja para o usuário, seja para um possível espectador. A beleza é necessária, importante. É o complemento que satisfaz, que dá a sensação de prazer, o resultante emocional de floração da alegria do viver. O que o homem moderno chama de bom acabamento nada mais é do que o toque artístico, a experiência artesanal espontânea ou convencionada para preencher o vazio de satisfação que a técnica só não pode ocupar.

O artista, de modo geral, vive mais no plano do ideal, quase sempre numa esfera de interesse distante do homem comum. Seu psiquismo é sempre resultante do mundo íntimo, numa espécie de recordação atávica, como que portador de visões que procura materializar, trazendo o sublime para o plano das sensações humanas. 

Às vezes, longe do convencionalismo, mantém-se o artista acima dos preconceitos de sua época, salientando-se numa indisciplina, afastando-se dos conceitos do dia-a-dia, rasgando véus só detectáveis para faixas sensoriais mais vibráteis. Quando o artista observa um comportamento normal, sem afastar-se demasiadamente dos padrões estabelecidos, quando ele consegue viver e conviver no seu meio social, de modo útil e proveitoso, encontra, aí, o ponto desejável da perfeição humana. Acompanha o progresso, sintetiza o pensamento da sua época, concentra o desejo subconsciente de todos, dá vida e corporificação à alma coletiva.

O artista é, pois um diplomata da beleza e do sentimento. É ele o instrumento que escreve, que grava, que harmoniza o ideal de sua geração, do que dá força infinita às consciências. É por isso que no mundo nenhum povo pode viver sem seus artistas. A arte é o equilíbrio, é a ponte maravilhosa que liga a criatura ao criador, ao meio do caminho que contrasta a passagem da Terra com o Céu.