"Já aviso: Aqui a casa é ventilada, o coração é quente e as vontades têm a temperatura exata para os sonhos!"
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Quando o Homem Personifica a Arte
Elevada contemplação espiritual por parte das criaturas, a arte é a
exteriorização do ideal, uma divida manifestação do que há de mais belo na alma
humana, polarização mais importante da vida. De todas as riquezas da
civilização, a maior realização artística, seja ela primitiva, incipiente, ou
nos mais elevados estágios da perfeição, produto de maturidade individual ou
coletiva. O artista verdadeiro é sempre o intermediário das belezas eternas. O
seu trabalho, em todos os tempos, foi o portador das harmonias mais vibráteis
do sentimento, alçando-as ao infinito, abrindo caminhos para a sabedoria, para
a paz e para o amor. Missionário da busca estética, do belo, do harmonioso, o
artista é o traço de ligação entre o cognitivo e o racional para o sentimento e
a emoção, engrandecendo a trajetória do homem na terra.
O homem não teria chegado ao estágio evolutivo em que se encontra não
fosse o anseio de busca da perfeição artística, não fossem as tentativas de
materializar o sentimento através da arte. Mesmo quando procura realizar o
pragmático, o utilitário, não se pode deixar de lado o elemento estético, o
agrado ao ideal de beleza de cada um, seja para o autor, seja para o usuário,
seja para um possível espectador. A beleza é necessária, importante. É o
complemento que satisfaz, que dá a sensação de prazer, o resultante emocional
de floração da alegria do viver. O que o homem moderno chama de bom acabamento
nada mais é do que o toque artístico, a experiência artesanal espontânea ou
convencionada para preencher o vazio de satisfação que a técnica só não pode
ocupar.
O artista, de modo geral, vive mais no plano do ideal, quase sempre numa
esfera de interesse distante do homem comum. Seu psiquismo é sempre resultante
do mundo íntimo, numa espécie de recordação atávica, como que portador de
visões que procura materializar, trazendo o sublime para o plano das sensações
humanas.
Às vezes, longe do convencionalismo, mantém-se o artista acima dos
preconceitos de sua época, salientando-se numa indisciplina, afastando-se dos
conceitos do dia-a-dia, rasgando véus só detectáveis para faixas sensoriais
mais vibráteis. Quando o artista observa um comportamento normal, sem
afastar-se demasiadamente dos padrões estabelecidos, quando ele consegue viver
e conviver no seu meio social, de modo útil e proveitoso, encontra, aí, o ponto
desejável da perfeição humana. Acompanha o progresso, sintetiza o pensamento da
sua época, concentra o desejo subconsciente de todos, dá vida e corporificação
à alma coletiva.
O artista é, pois um diplomata da beleza e do sentimento. É ele o
instrumento que escreve, que grava, que harmoniza o ideal de sua geração, do
que dá força infinita às consciências. É por isso que no mundo nenhum povo pode
viver sem seus artistas. A arte é o equilíbrio, é a ponte maravilhosa que liga
a criatura ao criador, ao meio do caminho que contrasta a passagem da Terra com
o Céu.
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