"Já aviso: Aqui a casa é ventilada, o coração é quente e as vontades têm a temperatura exata para os sonhos!"
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Coisas de Criança
Lá pelos seus cinco anos era uma menina hiperativa e a
mãe brigava com ela o tempo todo, bagunceira, não deixa nada arrumado, a mãe
não dava conta de cuidar da casa, da criança e trabalhar fora no horário de
escola da filha. E gritava com ela, para filha, para, fica quieta, fica quieta!
Não é possível, eu arrumo você desarruma! E de tanto repreender aos gritos,
passou a ver que a criança a obedecia e era encontrada muitas vezes com a
boneca no colo alguns minutos olhando o nada, mas - estranho - com
um olhar vazio. Depois fazia um ar triste de enfadonho e dormia. Quando
acordava ficava irrequieta, hiperativa, bem, pelo menos diminuiu bastante,
estou sendo muito dura com ela, pensou, não vou mais xingar, tem ficado
tristonha. Os anos passaram. Quando fez onze anos disse que algumas vezes
acontecia de tudo em redor ficar vermelho dando nela uma sede de fogo. A mãe
não deu importância àquilo e observou já se formou, está é precisando casar-se.
Chegaram os treze anos. Êta aborrescência!
Dizia a mãe quando a mocinha deixava cair as coisas das mãos, gritava com ela e
a via ficar uns momentos confusa, e depois esquecia, parecia que nada havia
acontecido. Pelo menos tem boa índole, satisfazia-se a mãe. No dia de seu
aniversário de catorze anos, sua escola fez um passeio a uma fábrica de
bonecas. Estava tudo muito bem quando todo mundo começa a correr, e ela junto
corria, mas, quando chegam à porta, já escancarada, ela para e pergunta, porque
todos correm? Fogo, fogo! Corre não fique aí parada! Ela virou uma barata zonza,
ia de um lado pro outro, e quando começou a correr em direção ao fogo, foi
puxada pelo braço pela professora. Os bombeiros não conseguiram apagar o
incêndio, a fábrica não mais existia além de fumaça e escombros. Bonecas são de
plástico, o fogo se espalha logo, ainda bem que ninguém se queimou, disse o
bombeiro. Foram então verificar o que havia acontecido. Uma das meninas apontou
para ela, foi ela, foi ela, eu vi ela jogando um fósforo aceso em uma caixa de
bonecas! Não, não fui eu! Não fui eu! em choro convulso, eu não entrei, vi que
era uma fábrica de bonecas vermelhas e fiquei parada na porta, não entrei, eu
juro! Só corri quando me puxaram dizendo que era fogo. Não fui eu juro!
Nota: menina “haver-se formado”: ter tido a primeira
menstruação.
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