quinta-feira, 9 de junho de 2011

Para os Namorados


O Amor tem sido o tormento dos homens e o martírio das mulheres. Deste tormento e deste martírio é que se tece __ fios de ouro e de prata __ a glória da vida.
Ninguém houve no mundo __ palhaço de picadeiro ou monge do deserto __ que não se visse, um dia, enredado na trama celeste e infernal do amor.
O amor é a respiração da humanidade, a lei suprema que rege a gravitação universal dos corações na terra, como essas outras que regem no espaço, a gravitação das estrelas.
O amor é a última explicação de todos os mistérios humanos, retine e ecoa no riso de quem se alegra e geme ou sussurra na voz angustiada de quem sofre. Ele é a luz dos olhos formosos das mulheres, a cor dos lábios fortes dos homens, a sedução irresistível dos colos femininos, a dominadora energia das espáduas largas dos atletas.
Brilha no ouro claro dos cabelos louros para tentação dos morenos e forma o fundo negro das cabeças de azeviche para endoidecer as mulheres de pele diáfana e macia. Oculta-se, como um perfume, que depois se vai desprendendo, aos poucos, na palma pequenina de uma mulher, encerrada na concha forte e quente de uma destra masculina.
Flui, à semelhança de um sopro imponderável, dos gestos elegantes e orgulhosos com que as moças se miram nos espelhos ou prendem, sob o chapéu, a mecha irrequieta do cabelo sempre a escapar. Sentem-no as mulheres na maneira larga e despreocupada com que os homens acendem ou jogam fora o cigarro já fumado, no braço viril de quem ama, na voz imperativa dos que nasceram para mandar, no exterior rude e vincado que denuncia a alma forte e destemida.
Entrevemo-lo nas menores coisas de que se entrança a existência deliciosamente fútil dos que se querem bem: aquela malva murcha e muda que nos veio dentro da carta... Não tinha uma única palavra escrita, nem sequer uma inicial... E quanta coisa adorável não nos disse! Quanta palavra boa, oculta em suas nervuras e, sobretudo, quanta esperança no verde da sua folha! Aquela rosada pétala da flor deixada, por esquecimento proposital, no livro, que nos mandou, no romance lido em dois dias, na ânsia de novas emoções... pétala rosada de flor, como te pareces como o rosto amado de quem aqui te deixou! Reproduzes, na tua delicadeza, a meiguice colorida e quente desse rosto...
O amor circunda em nossas veias, lateja-nos na fronte, pulsa-nos dentro do ser e traduz,nas cores das epiderme, as impressões do coração em luta.Vive no reflexo do sol, quando estamos contentes, na voz dos pássaros, quando não nos contemos de alegria, no bimbalhar festivo dos sinos em manhã dominical, no esplendor da luz nos nossos meios-dias tropicais.
Vive na pálpebra que se abaixa de timidez, no primeiro encontro, no tremor frio das mãos que se apertam pela primeira vez, na perturbação da voz de quem se vai estrear na vida, ao dizer alto o que baixinho o coração tinha dito em tantas ocasiões de sinceridade: ___ Eu te amo!




O Amor! A projeção de Deus nas criaturas para que a feiúra da terra tenha os encantos do céu!







3 comentários: