segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Monólogo




O que ouves
E interpretas como acalento
Nada mais é que meu lamento

Insensíveis poluíram-me a nascente
Relegaram-me ao apodrecimento
Quando priorizaram o desmatamento

Alteraram meu curso natural
Represaram-se sem nenhum acanhamento
Em nome do progresso, mas a vida em detrimento

E agora quando quase nada mais me resta
Quando irreversível é meu assoreamento
É difícil, mas não impossível o meu reaparecimento

Basta que seus semelhantes
Não me tinjam com seus excrementos
Basta que apenas mudem seus procedimentos

Quero correr livre e ouro como nasci
Levando água para o mais distante povoamento
Com fartura de peixes e vida em todo momento

Quero de novo saciar a sede do ribeirinho sedento
Quero de novo abrigar a piracema, festejar o Nascimento
Comemorar a vida sem nenhum impedimento.

Quero desaguar lá longe
Caudaloso, majestoso, orgulhoso, ressuscitado.



Santiago Ribeiro

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